Após o aparente sucesso de um tratamento de ebola feito em médicos americanos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reúne especialistas em ética nesta segunda-feira, em Genebra, para discutir se é certo usar remédios que nunca foram testados em humanos -e, neste caso, quem deve receber o medicamento, já que a oferta é limitada.
A decisão da OMS é complexa. Se a organização não aprovar o uso do medicamento por ele ainda ser experimental, pode enfrentar acusações de ter restringido o uso de droga com potencial de salvar vidas a trabalhadores de saúde de países ricos.
Por outro lado, liberar o uso da droga pode trazer acusações de que a maior organização de saúde do mundo autorizou experimentos com medicamentos potencialmente prejudiciais em parte da população mais pobre do mundo.
Dois profissionais de saúde americanos infectados pelos vírus aparentemente melhoraram após receber doses deste medicamento. A melhora nos seus quadros, porém, também pode estar ligada às condições de tratamento nos EUA, para onde foram levados.
No domingo, autoridades espanholas autorizaram o uso da mesma droga para um sacerdote espanhol infectado pelo vírus na Libéria, que foi levado para Madri.
Não há nenhum tratamento ou vacina conhecidos para o ebola.
Na discussão na OMS, será preciso antecipar o que poderá acontecer se o medicamento for adotado mas se provar ineficaz ou até mesmo prejudicial, de acordo com o especialista em ética médica Daniel Sokol, do 12 King's Bench Walk Chambers, de Londres.
"É preciso discutir como a mídia e a comunidade local irão reagir e as consequências dessa reação para as vítimas, profissionais de saúde e outros, e como deve ser o processo de seleção de candidatos ao tratamento", disse.
A preocupação com os danos que um tratamento mal-sucedido podem causar se explica porque já existe uma desconfiança em relação a profissionais de saúde, o que prejudica a contenção da epidemia.
No passado, muitos profissionais de saúde foram contaminados, e os hospitais, sem condições adequadas de infraestrutura, ajudaram a propagar a doença.

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